terça-feira, 24 de março de 2020

Eu voltei!!!!

Helloooooooooooooooooo Psicoparty,

Olha eu aqui outra vez!!!!

Conforme anunciei hoje no Instagram vou reativar este espaço porque minha cabeça está fervendo e a vontade de escrever está maior do que o medo de pegar Corona-Vírus (falo por mim, em nenhum momento não temo pela minha mãe, tias, tios, pacientes em tratamento, pessoas vulneráveis, etc).

Nesse momento de aflição que estamos vivendo, de dúvidas e incertezas, é natural sentir medo, mas se eu deixar o pânico tomar conta de mim, os estragos serão maiores ainda. O medo é uma estratégia do cérebro para preservar o organismo. Ele acende um alerta dizendo: pare!!!! Mas se eu deixar que ele seja maior do que a minha vontade de viver, de reagir e de produzir vou ficar doente (e não será de corona).

Então queridossssssss, estou aqui de volta. Pra conversar com você! 
Entenda que aqui não falo como Sonho de Criança, falo como Mary. É a minha opinião sobre a vida, minhas angustias, minhas conquistas e também, minhas festas.

Então se você quer vir comigo, puxa uma cadeira porque hoje vou falar sobre a minha fé! Sim, ela move montanhas e eu vou te contar como eu descobri isso!!!

* Eu tenho fé!

Em agosto de 2008 meu pai foi diagnosticado com câncer de intestino com metástase no fígado e nos pulmões. 

Além de pai e melhor amigo, ele era parte visceral na Sonho de Criança. Começou a químio pra reduzir o tumor primário e em meados de dezembro fez a primeiro cirurgia, para extrair o pulmão primário no intestino. Lembro que fiquei muito brava com a data escolhida, porque provavelmente ele ainda estaria hospitalizado no dia do meu aniversário, que é 19 de dezembro e corria o risco de adentrar as festas de final de ano ainda no hospital.

Pois bem, ele operou e seguia em recuperação. 

No dia 19 (meu niver) passei o dia com ele no hospital e a noite sem clima de festa fui triste comer uma pizza com poucos amigos. Nesse dia eu achava que minha vida estava uma Me... 

No dia 20 ele piorou muito durante a madrugada, tinha dificuldade pra respirar e acabou sendo transferido às pressas para a UTI, entubado e sedado. Meu pai tinha recém completado 58 anos em novembro. 

Na visita à UTI no dia seguinte um médico muito tranquilo me explicou que meu pai tinha pneumonia e não sabia como isso não foi visto nas radiografias diárias que ele fez no pós operatório. Era um quadro muito grave. Não sei (e espero que não) se você tem “experiência” em UTI, mas a cada visita você geralmente conversa com um médico diferente, o que nos deixa ainda mais inseguros e apreensivos... e então no dia seguinte uma médica muito realista e nada otimista me deu a notícia em pé, na porta do “box”: "Seu pai está muito grave (gravíssimo ela repetia sem parar) ele tem Sara (síndrome da angústia respiratória aguda), estamos fazendo o possível, vai pra casa e reza." 

Eu sai do hospital sem chão, dei a notícia pra minha mãe e ela muito espiritualizada me disse: que fosse feita a vontade de Deus. Eu fiquei tão revoltada com aquilo... comecei a gritar no meio do estacionamento do Hospital Santa Rita. Que ela não sabia nada de Deus e que Ele não ia querer que o MEU PAI morresse. Falei que eu tinha fé e que ela estava deixando de acreditar que enquanto há vida, há esperança. 

Me lembro que nessa noite eu desabei, desidratei de tanto chorar e conversei com Deus. Falei pra Ele que eu não estava pronta, que devolvesse meu pai. Fiz promessa que daquele dia (21) até 21/12/99 eu não ia mais tomar nem um gole de cerveja, nem de vinho, nem de nada. Quem escuta pode achar absurdo ou até engraçado, mas quem me conhece sabe que eu adoro (mais que chocolate) e naquele momento eu queria dar pra Deus algo que ele soubesse que seria difícil pra mim (um sacrifício de verdade). Contei pra minha irmã e ela fez a mesma promessa. Mas não era uma promessa condicionada não. Tipo: se você salvar meu pai, te dou isso... (tipo uma barganha, sabe) eu tinha certeza que Ele ia intervir e a minha parte no acordo foi imediata: parei de beber daquele dia em diante. Talvez você aí lendo seja da religião A ou B e diga que eu fiz tudo errado (sorry). Mas eu, na minha maneira de falar com Deus sou assim. Ele me ouve, me acalma, me guia... do “nosso jeito”. Eu acredito que Deus está em todas as coisas, esta no por favor, no muito obrigado, em querer bem ao próximo, em ser honesto, em fazer o bem pras pessoas sem esperar nada em troca, no cuidado com um cliente, no carinho com um estranho. Eu acredito que isso é muito maior do que qualquer religião que eu escolhesse seguir e, de verdade, eu acredito em todas elas, mas não quis escolher nenhuma pra mim como "a exclusiva".

Pois bem, meu pai evoluiu muito bem nos próximos dias, saiu da sedação apesar de continuar entubado. Eu tentava conversar com ele usando uma folha com letras impressas que uma enfermeira me deu (sim, anjos existem e eles estão entre nós) e assim ficamos uns 2 dias. Ele saiu do tubo, foi melhorando... eu enchi a parede de fotos nossas, para que ele não se sentisse sozinho. desse dia que ele saiu do tubo em diante recebemos autorização para visita estendida, que é quando eles deixam que uma pessoa da família passe mais horas com o paciente. O nosso Natal foi dentro de uma UTI mas esse dia foi um dos melhores da minha vida, porque eu tive o privilégio de passar ao lado meu pai e não em um cemitério.

O que eu quero te dizer com esse textão é que tudo na vida é relativo, em pouco dias o que parecia ser "o pior" que era estar no Natal dentro de um hospital, virou "o melhor" porque meu pai estava se recuperando e eu tinha a esperança de trazê-lo pra casa. Entende a diferença?

Da UTI papai foi transferido para o quarto e passamos também a virada de 98/99 dentro do hospital. Ele super de bom humor, fazendo palhaçada com todas as enfermeiras e médicos (acho que ele era o paciente preferido do hospital). Fomos pra casa em Janeiro e ele continuou a quimioretapia durante o ano todo, fez outra cirurgia no fígado, se recuperou, passamos o Natal e Ano-Novo de 99 em casa e este foi sem dúvida o melhor Natal das nossas vidas.

Durante os dois anos de tratamento contra o câncer o meu pai mudou muito, ele se permitia mais, se julgava menos, aproveitava melhor a segunda chance que ele ganhou. Se eu chamasse pra ir na esquina comer pastel ele ia, não dispensava nada, como se quisesse viver cada segundo da sua vida e eu vivia cada segundo intensamente também ao seu lado. Passamos o carnaval em uma pousada com a família toda reunida e foram dias de muita felicidade, mas a quimio tinha que continuar porque o câncer do pulmão era inoperável.

Em dezembro de 2000 papai se sentiu muito fraco (logo após uma sessão de quimioterapia) e eu fui com ele pro hospital. Fomos transferidos pro quarto de madrugada e eu passei a noite sentada do seu lado, acordada, vendo se ele estava respirando. De manhã tomamos café da manhã juntos e ele me disse que tinha muito orgulho de mim, por que eu era uma guerreira.

As enfermeiras vieram para o banho de leito e me pediram pra segurar a cabeça dele. Papai morreu ali, literalmente no meu colo. Ele fechou os olhos e dormiu.

Elas assim que viram chamaram imediatamente a equipe da UTI que chegou em minutos e ressuscitaram ele, colocaram no respirador e ele foi mais uma vez para a UTI.

Eu sentei no corredor sozinha e chorei. Dessa vez eu conversei com Deus.. mas pedi que ele me desse forças. Que Ele ficasse ao meu lado e me amparasse. Porque a dor era tão grande que eu não conseguia sequer respirar. Uma enfermeira sentou do meu lado e me abraçou. Sim, anjos existem (eu conheço vários). 

Pra mim meu pai morreu naquele dia e o que aconteceu depois foram apenas os médicos tentando manter seu corpo funcionando. Como esperado pelos médicos, ele teve uma parada respiratória no diaa 18/12 às 23h. O enterro foi no dia seguinte, no dia do meu aniversário, 19/12/20.

Eu sou grata eternamente à Deus por ter atendido o meu pedido e ter permitido que eu vivesse com o meu pai os melhores 2 anos da vida dele. 

Eu vim aqui te contar essa história não pra que você tenha pena, nem pra que você chore... vim aqui te contar pra que você ACREDITE! Pra que você tenha FÉ.

Eu tenho FÉ, e Deus já me provou diversas vezes que precisamos acreditar e quando coisas horríveis acontecerem (porque coisas ruins também acontecem) Ele estará lá no nosso lado para nos dar FORÇA.

E nesse momento de medos e incertezas Ele está aqui comigo e com você!

Com amor,
Mary













  







  

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